Pedigree
Dogs Exposed
A Verdade Sobre os Cães de Raça
Talvez não fosse
a intenção da autora, mas Um Anjo Chamado Phantom só
reforçou minha opinião — exposição
canina é um
ambiente cheio de intrigas e desonestidade, e isso é o de
menos.
Pior é
a crueldade sofrida por muitos dos cães participantes
destas
exposições: muitos MORREM
DE CALOR, porque simplesmente
passaram horas
viajando em caixas minúsculas, outros são ENVENENADOS a
fim de se
eliminar a concorrência, outros ainda são DROGADOS com
anabolizantes
para parecerem maiores e mais bonitos e há aqueles que
não querem comer (porque estão estressados, muitas
vezes), e que são ALIMENTADOS
À FORÇA. E mesmo aqueles donos de
cachorros assassinados simplesmente arrumam sua trouxa e
vão
embora
para casa, sem fazer um mísero protesto, porque parece que
a
coisa
funciona assim mesmo e não há nada que se possa fazer.
Há algum tempo
atrás, assisti há um documentário da BBC
— Segredos do Pedigree,
Animal
Planet — que mostrava os horrores que criadores
britânicos vêm fazendo com seus
cães a fim de "aprimorarem" a raça dos animais, em
detrimento à sua saúde e
bem-estar. E tudo sob as benções do The
Kennel Club, que organiza o Crufts,
uma das mais importantes exposições da Grã-Bretanha.
A crueldade
perpetrada contra os animais, principalmente em relação às
raças Cavalier
King Charles Spaniel (eles estão nascendo com siringomielia:
o crânio está ficando muito pequeno,
comprimindo o cérebro e causando dores terríveis aos cães,
além de
outro problema grave no coração), Basset
Hound (que estão sendo transformados em "anões
deformados"), Pastor-alemão
(completamente deformados de propósito), Buldogue
(com a cara tão grande que seus filhotes já não podem mais
nascer de modo natural), entre muitos outros, é chocante.
O Campeão do Crufts de
2003, um Pequinês,
teve que ser colocado em cima de um bloco
de gelo para ser fotografado; sua temperatura estava muito
elevada,
pois o cãozinho tinha muita dificuldade em respirar,
devido a
sua cara
exageradamente achatada devido ao "aprimoramento" da raça.
Mesmo
tendo
sofrido uma cirurgia, o pobre Pequinês ainda continuou com
o
problema;
e o pior é que os criadores (tendo nas mãos um
Campeão), lucraram dele
18 (DEZOITO) ninhadas.
A mesma coisa com um Cavalier que ganhou o Best-in-Show: seus
criadores, mesmo tendo um machinho doente (crânio
pequeno, cérebro grande, muita dor), lucraram com nada
mais nada menos do que vinte
e seis ninhadas; como foi apontado, "se alguém
bater na cabeça de
um cão a fim de causar dor, esse alguém, é lógico, é
processado. Mas se
procriar um cão que vai sentir a mesma dor de cabeça, não
há problema
algum."
Ainda
na Grã-Bretanha, há o costume entre os criadores de
produzir
ninhadas entre mãe e filho, pai e filha ou irmão com
irmã.
Na época em que o documentário foi ao ar, a Royal Society for the
Prevention of Cruelty to Animals
(RSPCA) declarou que estava "preocupada com o nível
inaceitável de
deficiência, deformidade e doenças que vêm afetando os
cães de raça."
E o abuso acontece desde
sempre; no livro O Cão em Nossa Casa,
cuja primeira edição foi publicada em 1958, o autor
Théo Gygas descreve uma situação absurda que
presenciou em Joinville, Santa Catarina, durante uma
exposição de cães:
O dia
era quente e o sol castigava impiedosamente os
expositores e seus cães. Um dos expositores foi ao
restaurante e
prendeu seu buldogue na arquibancada, em pleno sol. Outro
que tomou o
mesmo caminho fechou seu cão dentro do automóvel. Frisemos
bem isto:
era uma exposição na qual os cães, bem preparados e
arrumados, deviam
apresentar-se da melhor maneira para ganhar troféus,
diplomas e
medalhas. Mas não mereciam eles, depois de serem julgados, a
mesma
atenção e o mesmo cuidado? Como então os donos destes dois
animais,
para os quais foi realizada esta exposição, não os alojaram
de uma
maneira mais digna, mais consentânea, antes de eles mesmos
se
reconfortarem com refrigerantes? O buldogue não pode ser
salvo. Morreu
tristemente ao lado das bancadas das quais poucas horas
antes os
espectadores entusiasmados lhe tinham tributado calorosos
aplausos.
Morreu porque o dono o deixou em pleno sol, preso na
corrente,
enquanto no restaurante, provavelmente, alardeava os seus
conhecimentos
sobre assuntos caninos...
O outro cachorro, depois de tentar desesperadamente sair do
carro em que estava sendo assado vivo (cortou-se todo ao
provocar rachaduras no vidro inquebrável), foi salvo porque
uma boa
alma viu seu sofrimento e chamou um diretor de sociedade
protetora dos
animais e este quebrou o trinco da porta e o levou ao
veterinário.
É lógico que muitos
expositores não cometem estas crueldades — mas também me
parece que pouco fazem para impedi-las, a não ser reclamar,
fofocar e ir para casa amuados com o "prejuízo".
Gisele